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Esporte e Ação

VIAGEM DE MOTO – EASY RIDER SULAMERICA 2 – PARTE 3

Ao chegarmos próximo a aduana Argentina a fila era imensa, nem os Hermanos se conformavam com a má vontade dos agentes aduaneiros, foi aí que puxamos papo com dois argentinos boa praça, a conversa variou de política para motos e carros, família e estudo dos filhos e no final todos concordamos que estava demorando muito…

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em

Texto: Arnaldo Bianco Filho

Fotos: Arnaldo Bianco Filho e Wilson Felix da Silva

Dia 8 – Paciência sem limites

Uma das coisas que mais atrapalham o desenvolvimento de qualquer tipo de empresa é a burocracia e a má vontade das pessoas, agora imagina de um país?

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Após  de mais desajyuno magro, aqui eles servem o pão contado e uma média luna  para cada um, que gente muquirana! Saímos para o passo Tromém, que na verdade chama Malao Malao, que segundo os locais é um paso tranquilo com apenas dez quilômetros de Rípio, santa ingenuidade!!

Ao chegarmos próximo a aduana Argentina a fila era imensa, nem os Hermanos se conformavam com a má vontade dos agentes aduaneiros, foi aí que puxamos papo com dois argentinos boa praça, a conversa variou de política para motos e carros, família e estudo dos filhos e no final todos concordamos que estava demorando muito. A demora se deu pela ponte do feriado de oito de dezembro, o mesmo do Brasil, dia da padroeira.

Para encurtar a história perdemos o dia de estrada, foram nada menos que cinco horas de embaço para dar um papel que não vale nada para guardinha que nem sabe para que serve aquilo, mas vamos deixar isso para lá eu não consigo consertar nem meu país, para que passar raiva com eles, eu tenho é muito trabalho para fazer!

Com aproximadamente cinco mil km rodados e uma semana na estrada é hora de comentar um pouco dos equipamentos que estamos usando, primeiro das roupas Riffel. Estar na estrada todo dia por mais de oito horas, chegando a passar de dez se contarmos a partir do momento de que nos vestimos.  Agora soma isso ao calor, frio e chuva, se a roupa não for confortável será que você aguentaria vesti-la todo dia? Quando estamos em cima da moto a roupa tem que dar mobilidade afinal é feita para uso na moto.

Será que o setor de desenvolvimento pensou que iríamos ficar cinco horas em pé no calor, e de vez em quando subindo na moto para puxá-la para frente quando a fila andava e depois descer? Acho que a Riffel sim! Além de fornecer segurança ativa, isso quer dizer que em caso de uma queda ou batida ela vai te proteger ao máximo e segurança passiva, que á capacidade de deixar o motociclista com a mobilidade necessária para efetuar manobras evasivas, pois roupas muito pesadas ou duras tiram isso ou retardam os movimentos.

Outro aspecto tão importante quanto a segurança física do piloto é a segurança térmica, uma boa roupa tem que deixar o corpo respirar para não virar uma sauna e desidratar o motociclista deixando seus reflexos lentos. O frio também é negativo, pois o corpo com frio diminui a circulação de sangue nas extremidades, deixando dormentes e insensíveis, por isso uma forração adequada evita a perda de calor. Até agora as roupas Riffel tem cumprido bem esse papel, e com toda certeza vão chegar ao final do projeto perfeitas, mas até lá ainda vamos falar mais delas .

Só complementando o nosso dia, após entrarmos no Chile, que foi bem mais fácil, paramos em Pucón para almoçar, que por sinal foi um dos melhores almoços que tivemos. O restaurante está localizado dentro de um posto de serviço e é temático, de lá agarramos a Ruta 5 que é uma reta só e fomos dormir em Osorno, uma cidade que tem construções de madeira que mais lembram o velho oeste americano.

Vejo você amanhã com mais estrada rodada, provavelmente a Ruta 40 vai estar na história!

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Dia 9 – Dia da tomada de decisão

Toda aventura sofre alterações devido a fatores alheios a nossa vontade, muitas vezes é preciso ter determinação para prosseguir

Antes de deixar Osorno para trás, fizemos um tour pela cidade para conhecer melhor para próxima vez, não é que não encontrávamos a saída? Fiz umas fotos das construções de madeira, edificações que mais lembram o velho oeste americano, já comentei isso? Desculpe acho que são os mais de cinco mil quilômetros de estrada. Mas tudo bem, o importante é que começamos a descer Esquel em direção ao sul para entrar na Argentina pelo passo Cardenal Samore.

A aduana foi sem novidades, para variar pegamos a Ruta 40, é uma a estrada reta, retas e mais retas que cansam, lá pelas tantas paramos para abastecer as motos e tomar um café, estávamos em Bariloche, e atualizar nossa posição via os meios mais modernos de comunicação que usam WiFi, e mais uma vez não conseguimos, simplesmente o posto estava sem sistema, uma coisa corriqueira em nossa viagem.

Como não teríamos contato com o mundo virtual, o negócio foi fazermos uma reunião sobre nossa posição e o status atual do Easy Rider Sulamerica 2, na verdade uma conversa séria que iria definir o sucesso ou fracasso do projeto. Você pode estar se perguntando porque? Vou explicar, por vários problemas atrasamos nossa saída, pegamos chuva intensa no Brasil e estradas em condições precárias, sem falar o tráfego intenso que reduziu nossa média horária e para ajudar um dia perdido na aduana argentina. Mas você ainda pode achar que podemos ir sem problemas, sim poderíamos se não tivéssemos data para volta. Sim o projeto Easy Rider Sulamerica é baseado em tempo, porque todos os participantes têm outros compromissos profissionais, com o projeto Atacama foi a mesma coisa, o prazo eram 15 dias para cumprir o projeto e fizemos em 13. A parada em Bariloche foi providencial. Pois se fôssemos abortar o projeto ali seria o ponto de retorno.

Para o Easy Rider Sulamerica 2, o prazo de ir ao Fin del Mundo tirar a foto na placa e voltar é de 21 dias, um projeto ousado que tem que ser focado e ter determinação, quem já foi sabe do que estou falando! E com todos atrasos sofridos tínhamos que rever nossas prioridades. Com o mapa na mesa e caneta e papel na mão fomos revendo os trechos que teríamos que cobrir para saber que estratégia usar para podermos levar o projeto até o fim e não deixar você leitor na mão.

Depois de muita deliberação, conseguimos chegar a um consenso, os três aventureiros vão chegar ao Fin del Mundo e o projeto Easy Rider Sulamerica 2 vai ser completado como previsto. Com tudo definido montamos nas motos partimos animados para terminar o dia em Esquel.

Você quer saber como? Continue acompanhando a gente e vai saber! Te vejo amanhã

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Dia 10 e 11 – A Ruta 40 desafia seus limites, e os limites da física

Se você acha que é bom piloto, que toca bem e que nenhuma estrada pode te fazer repensar isso, cuidado você está redondamente enganado!!!

Nesse texto vou emendar dois dias, pois os acontecimentos foram poucos, mas bons, o mais importante é deixar você atualizado da situação e entender que vir para o Fin del Mundo de moto não é uma tarefa simples. Estamos passando por uma situação nunca imaginada, porém está valendo cada km que avançamos.

Então vamos lá, acho que eu não comentei que os donos do Hotel em Esquel são motociclistas também? Tudo bem, são e o hotel é ótimo, depois vou postar todos endereços, se você um dia resolver fazer essa insanidade, desculpe aventura. Acho que hoje vou repetir algumas coisas, me desculpem a Ruta 40 está me deixando assim. Saímos de Esquel em sentido Perito Moreno, ok? O dia estava nublado e frio e com um pouco de vento, a ideia inicial era cruzar o passo de Chile Chico para entrar no Chile novamente e andar um pouco lá para sair do marasmo da ruta 40, e assim fomos. Como as distâncias sem postos de serviços estão ficando maiores, quando paramos no posto para abastecer descolei uma Botella de aceite de quatros litros e amarrei na moto, do Wilson, na minha não cabe mais nada.

Ao entrarmos na Ruta 40 o vento começou a acelerar junto com a gente, vou te falar, parece que tinham ligado as turbinas de um A380, uma para cada aventureiro. O vento nessa região é tanto que para a moto andar reto tem que ficar tombada e o piloto torto para não servir de vela e sair voando pela estrada. O Wilson já havia me falado e dado alguns toques de como conduzir a moto, beleza pensei eu, e como ele estava na minha frente eu segui o mestre, nos primeiros quinze minutos estava fácil, eu achava que tinha dominado a situação agora era só administrar pelos próximos 600 km, mal sabia eu o que estava por vir. O vento não dá trégua, ele não sopra, ele bate em você, quando você acha que já levou muita porrada e aprendeu a segurar a moto para não ser jogado para contramão, ele muda de lado sem avisar, literalmente viramos um João Bobo na mão do vento.

Na Ruta 40 tivemos que reaprender a pilotar tão rápido como a mudança do vento e digo mais, sem ficar brigando com a moto, porque senão você vai cansar e a viagem pode acabar mau! Eu vou falar mais disso depois, foram uns duzentos e cinquenta quilômetros dessa maneira, até pararmos para abastecer e comer em uma cidadezinha no meio do nada. Para variar apareceram alguns viajantes que também abasteceram e se mandaram. Estávamos batendo um papo quando alguém perguntou se erámos brasileiros, com a resposta positiva se aproximou de nós um cara alto e magro e começou a fazer o de sempre, para onde iríamos, por onde e assim por diante, foi aí que ele disse que estava viajando  com a esposa Daniela há pouco mais de um anos com um Motorhome idealizado por ele e pela mulher, um projeto de oito anos que deveria durar treze  que infelizmente deve acabar com menos de dois devido a situação do nosso país. Uma pena que um projeto tão bacana do Zander e da Daniela acabe assim. Conversamos muito com ele deu umas dicas muito boas, fomos conhecer o Motorhome e nos despedimos, afinal teríamos que enfrentar a estrada de novo, ou melhor vento até Perito Moreno.

Entramos na cidade e fomos procurar um hotel, paramos as motos, mas o vento não, parou nem para ir dormir. Acordamos hoje pela manhã e o vento parecia estar mais disposto que a gente, tanto que saímos do hotel e ele saiu junto já nos empurrando, paramos no posto para abastecer e eu aproveitei para encher o galão que eu havia pedido no outro posto, eu e meus pressentimentos, nem precisava a quilometragem daria para ser feita com o tanque da NC, mas para que arriscar? Enquanto preparávamos as motos para a saída em direção a El Calafate, porta de entrada do Ushuaia, apareceu um motociclista montado em uma GS 1150 ano 2000, que mais parecia um tanque de guerra pelos inúmeros equipamentos que estava carregando. Ai você sabe né? Apareceu um gringo a gente racha no inglês, e não é que o inglês dele é pior que o meu? Como ele é suíço fala bom francês, foi quando o Daniel entrou na conversa e atuou de interprete, esse menino tem tantas qualidades! Assim colocamos Antoine no nosso grupo.

Só sei que saímos em quatro do posto em direção a Ushuaia, desculpe em cinco o vento também está indo. Pegamos a estrada e a brincadeira começou a ficar séria, primeiro o vento veio da direita e assim ficou por um bom tempo, como essa estrada não é reta parece ter curvas só para a esquerda estava tudo bem era só deixar a moto tombar para o lado certo e se fazia a curva, mas com eu disse quando nos começávamos a acostumar a coisa toda mudava, chegamos a tomar tapas na cabeça consecutivos da direta para esquerda, esquerda para direita, para frente para trás, só faltou tomar de cima para baixo. Olha é uma forma tensa essa de se aprender a pilotar nessas terras!

Antes de continuar, lembra da gasolina extra? Não, o vento não carregou ela embora, lá pelas tantas o vento resolveu ficar de frente, acho que era para saber se nossa vontade de chegar no Ushuaia é mais forte que ele, eu sei que em certo momento eu acelerei tudo que podia e a velocidade era de estonteantes 85 km/h e eu me agarrando no guidão para não cair para trás. Essa briga deve ter durado mais de hora e com isso o consumo da NC caiu drasticamente fazendo com que a autonomia diminuísse em 100  quilômetros, com eu tinha a Nafta reserva eu não estava preocupado, apenas não sabia onde parar, avisei que assim que o vento diminuísse eu ia encostar pra abastecer, tá bom que o vento entendeu isso, tomei a dianteira do grupo para evitar que eu parasse e eles seguissem, foi quando apareceu uma construção medieval na beira da 40, essa Ruta 40 tem cada surpresa!

Tentamos encostar em um lugar que não tinha vento, você sabia que vento faz curvas? Não? Aqui ele faz e não dá seta, vai entrando. Bem, eu tinha a nafta o lugar e me faltava uma mangueira, e como pedir uma mangueira em espanhol? Você sabe? Agora eu sei, uma mangueira por favor, pronto lá foi o dono do castelo me arrumar uma mangueira. Com a NC abastecida, fomos para dentro tomar um café e conversar um pouco para ver se o vento dava uma folga, que nada, para ajudar o dono da taberna disse que depois do meio dia o vento chega aos 80 por hora, estava quase mais rápido que a NC.

Então qual a solução? Nenhuma, a coisa era montar nas motos e mostrar para o vento que somos mais durões que ele, as vezes dava vontade de amolecer e pedir para sair, mas faltando menos de mil quilômetros para o destino final nem pensar. Foi aí que esse temido vento mostrou sua cara de mau, em algumas curvas ele mudou de repente de sentido jogando as motos na contramão, e em outra ele estava tão forte que para fazer a curva para a esquerda estávamos tombando a moto para a direita, eu vi várias vezes a moto do Wilson andar literalmente de pé e de lado para contornar a curva e como eu vinha atrás imagino que a NC estava na mesma situação. Esse vento do Sul ainda mostra que pode desafiar as leis da física!

Pensa que acabou? Não, no meio  do caminho para nosso destino – El Calafate –  paramos na cidade de Gobiernador Gregorio , só 300 km para El Calafate, mas com um opcional, setenta quilômetros de rípio, me desculpe eu acabei não explicando que é o rípio. O rípio é o tipo de solo predominante por aqui, uma areia fina com muitas pedras, tipo pedregulho, são arredondadas. O rípio pode ser batido, nesse caso dá para andar rápido, eu cheguei a andar a 110 km/h, tem um médio que precisa de mais atenção e é bom pilotar em pé e o solto, esse sim é chão na certa se você der bobeira. Como já estamos dominando o rípio e o vento passamos pelos setenta quilômetros sem muita dificuldade, depois foi só acelerar e chegar a El Calafate. Amanhã vamos aos Glaciais e depois começar a descer para Ushuaia, vejo você amanhã.

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