A Prefeitura de São Paulo decidiu desativar as duas motofaixas da cidade, uma na área central e a outra na zona oeste da capital. A decisão desagrada a motociclistas, mas é elogiada por especialistas.
A motofaixa localizada à esquerda e junto ao canteiro central nas avenidas Sumaré e Paulo 6º, na zona oeste , a primeira do país, foi desativada nesta segunda-feira (18).Com 3 km de extensão, ela foi implantada em setembro de 2006 entre a praça Marrey Junior e a rua Lisboa, em “caráter piloto”, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A CET explica que a faixa foi extinta porque “não representou aumento da segurança dos motociclistas”. De acordo com a companhia, o número de acidentes com feridos envolvendo motos nas duas vias mais que dobrou entre 2006 e 2007 e aumentou 152% em 2012, em comparação ao ano em que a motofaixa começou a funcionar.
Nenhuma morte de motociclista é registrada nas avenidas Sumaré e Paulo 6º desde 2009, informa a CET.
A companhia realiza agora estudos para desativar a motofaixa Vergueiro/Liberdade. Ela foi criada em junho de 2010, tem 4 km de extensão e liga o centro à região do parque Ibirapuera, na zona sul da capital.
Repercussão
O presidente do Sindimoto-SP (Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo), Gilberto Almeida dos Santos, afirmou ao jornal “O Estado de São Paulo” que foi pego de surpresa pela decisão.
“A prefeitura não tem um pingo de respeito. Justo a da Sumaré. É uma pena. Estamos trabalhando para aumentar essas faixas. Eles não está enxergando as motos da maneira que deviam enxergar”, declarou. Para ele, o fim da faixa vai provocar insegurança entre os motociclistas.
A medida foi aprovada por Horácio Augusto Figueira, especialista em engenharia de transporte e segurança de trânsito. “A motofaixa não funciona porque os motociclistas usam em um trecho, mas depois têm de entrar à direita [a faixa fica à esquerda da via]”, afirma.
“Tentaram implantar [a motofaixa] com o objetivo de diminuir os acidentes, o que não aconteceu. Faixa exclusiva para qualquer tipo de transporte que não seja o coletivo não faz sentido”, opina Horácio Augusto Figueira.
Faixa exclusiva para ônibus
A motofaixa das avenidas Sumaré e Paulo 6º foi desativada no mesmo dia que as vias ganharam faixas exclusivas para ônibus.
Na região, foram implantadas 3,9 km de faixas no eixo formado pelas avenidas Antártica [da rua Barão de Tefé até a praça Marrey Junior], Sumaré, Paulo 6º e Henrique Schaumann [da avenida Paulo 6º até a rua Cardeal Arcoverde], com exclusividade para ônibus de segunda a sexta-feira, das 6h às 20h, e aos sábados, das 6h às 14h.
Com as novas faixas, as rotas de bicicletas vão sofrer mudanças. Segundo a CET, serão implantadas áreas exclusivas de espera para motos e bicicletas junto aos principais cruzamentos das quatro avenidas.
“Com a inauguração da faixa, faremos uma readequação de todo o espaço viário do eixo. O novo projeto irá permitir um compartilhamento mais harmônico desse espaço para aumentar a segurança de todos, principalmente motociclistas e pedestres, os agentes mais vulneráveis no trânsito. Em breve, também será implementada a padronização de velocidade na via”, informa a CET.
Atualmente, a capital paulista possui 264 km de corredores que facilitam a circulação do transporte coletivo.
Fonte: Notícias UOL