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As consequências emocionais e os prejuízos que acidentes de trânsito causam

Publicado

em

Por Eliana Malizia

Quais as consequências que um acidente pode causar?

São  27 anos que vivo o motociclismo, uso a motocicleta no meu dia dia e também para produzir conteúdos do meu trabalho, sou repórter e piloto de testes. 

Já fiz todos cursos de pilotagem que vocês possam imaginar e o meu melhor curso com certeza é a prática e experiência de tantos anos pilotando nas mais diversas situações, pista, estrada de chão, estrada sinuosa, trânsito, alagamento, sim, tudo que você possa imaginar.

Estou sempre produzindo matérias dando bom exemplo; fazendo uso de equipamentos de segurança, influenciando o “correto”. 

Por conta das milhares de fechadas que levo no trânsito e na estrada por conta do uso do celular enquanto dirige, por conta dos acidentes que sabemos que acontecem diariamente, eu criei a campanha TIRA O OLHO DO CELULAR, campanha que este ano faz 4 anos de história e dedicação. Distribuímos estes adesivos para pedestres, ciclistas, motociclistas, motoristas de carros, para que eles colem aonde quiserem e alertem por aí sobre este cuidado, “não usar o celular enquanto dirige, enquanto , enquanto pilota e até mesmo enquanto atravessa uma rua, a pé.

Tira o Olho do Celular

Até então, nunca fui uma vítima real, mas meu dia chegou! 

Ao parar no farol, sempre  dou aquela confirmada no carro de trás, pra ver se motorista não está distraído. E duas semanas atrás, não foi diferente, parei no farol , me tranquilizei quando vi o carro de trás atento e já parado atrás de mim…foi quando em questão de segundos o carro que estava atrás do carro parado, não viu o farol fechado e bateu atrás do carro que estava atrás de mim. O motorista estava muito “ocupado” usando o celular. Por conta disso, fui lançada para a pista do lado e por poucos centímetros um outro carro não passa por cima de mim. E se eu fosse lançada para o corredor de ônibus? O que me tranquiliza nessas horas? Que estou sempre muito bem equipada.  Mas uma queda “boba” poderia resultar em algo bem pior, por exemplo , eu ser atropelada.

Foto do meu acidente na Avenida 9 de julho, em São Paulo. Fevereiro de 2023.

 “Não gosto de ficar entre carros, mas eu não tive espaço pra sair dali”. Eliana Malizia

As consequências podem ser diversas mesmo em acidente sem gravidade. 

Eu por exemplo, fiquei com um medo surreal de pilotar . Digo surreal porque minha realidade sempre foi pilotar atenta, mas sem medos, sem neuras. Desde este acidente eu tenho pilotado com muito medo, toda vez que paro no farol passa um filme na minha cabeça, consigo até mesmo ouvir o barulho da pancada do meu acidente.

Será um trauma? O medo do pior? Um choque de realidade dos riscos que corremos por conta do uso do celular enquanto dirige? 

A reação a situações de estresse é uma resposta neuroquímica e neurofisiológica do cérebro ao perceber que está em perigo. Trata-se de uma resposta fisiológica com liberação de hormônios e que nos permite sobreviver, sendo uma resposta extremamente adaptativa e adequada. Ela engloba o aceleramento dos batimentos cardíacos e a contração de músculos, por exemplo.

Os acidentes de trânsito tornam-se acontecimentos traumáticos quando há percepção de ameaça à vida; quando há confronto com o sofrimento ou com a morte de outros; e diante de acontecimentos repentinos de impacto extremo, gerados por causas externas, que desencadeiam respostas de medo intenso.  

Estima-se que 11,5% dos acidentados de trânsito desenvolvam Transtorno Pós Traumático.  ( fonte ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva)

Consequências invisíveis dos pequenos acidentes 

Sobre as causas que ninguém fala, ninguém escreve, que ninguém divulga pós um acidente “não” grave.  Fora o trauma e perturbações, um acidente pode prejudicar a vítima de diversas maneiras; 

Imagina que um motociclista está indo para uma importante entrevista de emprego? Sofre um  “pequeno “ acidente, e perde o horário , perde a grande oportunidade que poderia mudar a vida dele. 

Minha campanha para ajudar a diminuir Acidentes de Trânsito

Um acidente com um motoboy por exemplo, que precisa da moto para trabalhar , ele terá que deixar a moto na oficina por 20, 30, 40 dias. Todos estes dias sem ganhar. Atrasará pagamentos, pagara juros de multa do aluguel. São pequenos exemplos, mas exemplos reais, que acontecem o tempo, todos os dias! 

Por que as pessoas mesmo sabendo dos riscos, usam celular enquanto dirigem? Fico me perguntando…

Será que este cara que causou meu acidente parou de usar o celular enquanto dirige? 

Egocêntricos , este será um dos problemas?

O  egocêntrico possui o foco centrado em si mesmo. Por essa razão, é insensível, não considera opiniões alheias e transforma quase toda situação em um espetáculo cujo protagonista é ele. Sendo assim, conviver no trânsito com milhares de pessoas com personalidade egocêntrica é um tanto desafiador. Principalmente para nós motociclistas, que percorremos com nossas motos ao lado destes, diariamente, inclusive em extensos corredores em grandes avenidas. Precisamos de sorte? Ou precisamos de mais pessoas conscientes?

Como colocar na cabeça destas pessoas sobre o perigo? Uma troca de mensagem vale mais que nossas vidas? 

O egoísmo e ansiedade em ler uma mensagem, se transformam em uma grande irresponsabilidade! Não é falta de informação! 

A motociclista, neuropsicóloga e Mestre pela USP, Amably Monari nos da algumas explicações bastante relevantes.

“Nosso cérebro é tão complexo que ao mesmo tempo de ser uma maquina dinâmica e sistêmica perfeita, trabalhando como uma orquestra sinfônica, por exemplo, ele também é “preguiçoso”, na verdade diria prático .

Ou seja, não irá dispender mais energia do que necessário em uma atividade, por isso dirigir e usar o celular são duas tarefas que competem as mesmas áreas cerebrais. 

Usando 37% as atividades do lobo parietal, responsável pela coordenação da percepção visual e tátil, já o lobo occipital lida com a resposta visual e o lobo temporal administra o auditivo sendo que lobo frontal lida com a regulação de autocontrole da conduta e emoções. 

Se pensarmos em funções nervosas superiores, o ato de dirigir se utiliza de atenção seletiva, atenção dividida ,atenção sustentada, atenção alternada, vigilância , memória de trabalho, memória de longo prazo, memória de curto prazo, percepção visual, percepção auditiva, percepção espacial, funções motoras e cognitivas, assim como o uso de celulares. 

Sendo assim, em uma situação de transito, nosso cérebro automaticamente irá decidir pela atividade que irá gerar mais prazer, produzindo dopamina, e nesse caso, o uso de tecnologia produz em nosso cérebro ações automáticas  de prazer,  mais rápido que o ato de dirigir que esta vinculado com inúmeros fatores estressores externos, causando assim inúmeros acidentes. 

Contudo, as pesquisas e fatos do cotidiano nos indicam que para estabelecermos um transito consciente e seguro para todas as pessoas, precisamos desenvolver em nossa constituição neuropsicológica, auto controle da conduta sobre nossa responsabilidade social, de que nossas decisões impactam e podem tirar vidas”. 

Nos falta tempo e nos sobra ansiedade.

A motociclista e também Psicóloga/Neuropsicóloga Priscila De Nichile também contribui com o artigo. 

“Já pensou em tirar sua armadura? Já tentou tirar sua capa de super herói? Somos humanos,  mortais. Estamos vivendo num tempo que nos falta tempo e sobra ansiedade, demandas, responsabilidades…

Precisamos atender os clientes, pacientes, familiares,  chegar nos compromissos na hora marcada, participar da reunião e tantas outras tarefas.

Com tudo, para que todas essas funções ocorram de forma saudável, precisamos nos organizar e nos cuidar. A falta de atenção tem uma porcentagem alta nos acidentes de trânsito. 

Por que? Quando estamos dirigindo, temos a falsa ideia de que temos algum tempo ocioso durante o percurso. Aquela olhadinha rápida no celular, aquele áudio avisando que vai atrasar, aquela curtida na postagem do amigo e em frações de segundo tudo pode mudar… o herói, com muitas demandas, numa distração, pode ocasionar um grave acidente. 

É difícil resistir a atender aquela chamada no celular,  difícil estar parada no trânsito,  no farol e não dar aquela olhada nas redes sociais, mas isso pode ser ansiedade e a consequência pode ser bastante ruim. 

Vamos nos cuidar para continuar dando conta dos compromissos. 

Experimente fazer o exercício de colocar o celular no modo avião quando for dirigir e salve muitas vidas”!! 

E você continuará usando celular enquanto dirige, pilota ou caminha pelas ruas? Uma frase para encerrar este texto é REFLITA E, TIRE O OLHO DO CELULAR!

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