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Estamos vivendo uma revolução no mercado do motociclismo?

Estamos vendo uma movimentação no mercado do motociclismo em relação ao uso de influenciadores para promoção de produtos, eventos e embaixadores como representantes.
E isso faz com que eu me questione: são novas estratégias de mercado com ações tradicionais? Ou estamos lidando com um novo mundo do motociclismo?

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Estamos vendo uma movimentação no mercado do motociclismo em relação ao uso de influenciadores para promoção de produtos, eventos e embaixadores como representantes. 

E isso faz com que eu me questione: são novas estratégias de mercado com ações tradicionais? Ou estamos lidando com um novo mundo do motociclismo? As marcas estão dialogando com motociclistas contemporâneos a partir de novas estratégias ou  conservadoras? 

 Compreendo que radicalizar nunca será a melhor estratégia de diálogo nas relações interpessoais ou de mercado, a não ser que seja uma estratégia a curto prazo, de impacto para conscientizar sobre alguma ideia, ou até mesmo deixar de se comunicar com o público conservador no motociclismo pode não ser a melhor alternativa, mas negar a existência da diversidade contemporânea pode ser um tiro no pé. 

Tínhamos um mercado das motos que nos influenciavam a partir de filmes, músicas e arte, algo que parecia inalcançável, que, portanto, nos inspirou a querer viver aquela aventura em cima de uma moto.  

Um desses exemplos é o filme Maverick Top Gun. Mesmo depois de 36 anos em que o personagem principal pilotava sua Kawasaki GPZ900R para encontrar o amor da sua vida, na nova edição lançada em 2022, Tom Cruise surge pilotando a superesportiva H2, continuando a nos mover emoções profundas e desejos relacionados ao amor, moto, aventura e adrenalina, por meio da arte e ao som da épica música Hold My Hand, de Lady Gaga, faixa indicada ao Oscar 2023. 

Ou seja, por quê desejamos pilotar uma Kawasaki H2? Porque ela te conecta com o amor da sua vida, ao mesmo tempo que você enfrenta todas as dificuldades do mundo, ela te leva para um abraço seguro, na pura contradição do perigo e adrenalina da velocidade que a própria moto representa. 

  Com a descentralização do amor romântico e a romantização da vida e empoderamento das mulheres, por exemplo, temos um mercado do motociclismo brasileiro que não sabe o que fazer diante de uma nova realidade social: deve ir de encontro à diversidade contemporânea ou se manter no conservadorismo? 

No entanto, hoje temos um cenário muito mais palpável e possível para diversos modos de viver a vida e econômicos, proporcionando a possibilidade de muitas pessoas terem sua própria moto, desde quem pode pagar à vista até membros da classe trabalhadora, pessoas que financiam seus sonhos, assim como diversas possibilidades para criadores de conteúdos. 


 MARCAS NO MOTOCICLISMO E A CONTEMPORANEIDADE

 

Como psicóloga e Mestre em Mudança Social e Participação Política, me chama a atenção o movimento do mercado do motociclismo em relação às mulheres e a própria diversidade, ou seja, diante dos diversos estilos de vida, assim como, posicionamentos fora e dentro das mídias sociais e o próprio uso da tecnologia. 

Percebo que as marcas no motociclismo ainda não sabem lidar com a potência e grandiosidade do poder de mulheres que se juntam em prol de sentir prazer em ter sua própria moto, e para lutar por seu direito de ocupar espaços e existir como pessoas, podemos abordar também,  o pré-venda e venda, onde funcionários muitas vezes não estão preparados para oferecer e negociar com uma mulher. 

Ou, uma mulher que chega em uma oficina mecânica e raramente encontra outra mulher mecânica, e há muitos relatos de homens mecânicos subestimar a própria dona da moto e fazer reparos e customização de maneira da qual não foi solicitada pela dona. 

Falamos também, de um pós-venda, onde as marcas potencializam a figura da masculinidade do homem cis hetero branco nas imagens e portfólio, e até mesmo no não cuidado da relação da marca com as mulheres que utilizam os seus produtos. 

 Importante ressaltar que minha percepção como psicóloga  e motociclista consumidora, analisando o movimento do mercado em relação às mulheres e a diversidade, o mercado do motociclismo no Brasil ainda está engatinhando para tentar compreender como “entender “e quem são essas mulheres que também são consumidoras. Diferentemente do mercado das motos em países mais desenvolvidos que já compreenderam o novo mundo 



O mercado como um todo sempre será um capitalismo selvagem, há uma tendência no marketing de humanizar as relações entre marca-produto-consumidor, no entanto, não quer dizer que as pessoas envolvidas na produção de conteúdos ou representantes de produtos não adoeçam durante esse percurso.

 Por exemplo, o mercado motociclístico no brasil poderia investir em estudos mais aprofundados para além do conceitual, mas da relação marca-consumidor a longo prazo na tentativa de humanizar esse processo e causar menos danos na saúde mental de quem vende, de quem representa e de quem compra. 

 O que é mais importante para a marca, números em vendas rápidas ou conexões da marca com seu público com resultados de números de vendas e vínculos profundos com a marca a longo prazo? 

Seria ingenuidade minha e nossa, pensarmos que o mercado não leva em consideração o resultado de números de vendas, no entanto, esse processo poderia ter uma integração mais humanizada. Utópico de minha parte, provavelmente, porém, vale trazer ao debate. 


EMBAIXADORA OU GAROTA PROPAGANDA?

A pessoa que exerce a função de embaixadora é convidada com a missão de exercer a conexão humanizada da marca com o público. Por exemplo: a marca é um ser abstrato que se materializa em produto, efeito do capitalismo. No entanto, ao materializar os valores da marca em um ser humano, essa pessoa torna-se o coração da marca. 

Aquela pessoa que apoia, que incentiva, que dialoga com o público, que inspira e constrói vínculos com consumidores e potencializa novos, tornando-se o produto desejável. Ou seja, já não estamos mais falando de produto físico, mas de um estilo de vida que materializado na vida daquela pessoa apaixonada por aquela marca representa uma inspiração ao viver seu cotidiano e mostrá-lo em suas mídias sociais e círculos relacionais fora da internet. 

Vale ressaltar que muitas vezes a pessoa embaixadora nem sempre é aquela com números exorbitantes nas mídias sociais, mas sim aquela a qual as pessoas confiam em suas indicações e no que ela vive, sendo o porta voz e defensora da marca. 

Se antigamente as vendas eram valorizadas pelas indicações de amigos e familiares, nem toda estratégia antiga deixa de ter sua importância na contemporaneidade. 

Em um artigo para o portal Draft, a especialista em comunicação corporativa Naira Feldmann cita uma pesquisa da Social Reports, que indica que “somente 33% dos consumidores confiam no que as marcas dizem, enquanto 90% dos clientes confiam nas recomendações de seus conhecidos. 

Já quem cumpre a função de Garota propaganda é uma pessoa contratada para promover um produto específico ou evento específico da marca. Essa pessoa empresta sua imagem por um tempo determinado relacionado a algo específico com o objetivo de venda. Geralmente são pessoas públicas, famosas e artistas. No caso do motociclismo seriam os Influenciadores com estatísticas de venda de produtos. 

 A diferença seria que a pessoa embaixadora é contratada para representar os valores e princípios, porta voz e defensora da marca, tendo como objetivo construir uma comunidade de consumidores antigos e novos criando conexões humanizadas. E a pessoa garota propaganda, influenciador, de promover publicidade sobre um produto ou evento específico. 

O que nos faz questionar, se a cena do motociclismo está identificando adequadamente se seus parceiros comerciais estão compatíveis com os valores e princípios da marca e como utilizar esses serviços de maneira efetiva. 

ESTAMOS VIVENDO UMA REVOLUÇÃO NO MOTOCICLISMO?

Agnes Heller, filósofa húngara nos fala sobre a revolução do cotidiano, propondo que as revoluções sociais reais sejam feitas no nosso dia a dia, antes de ser uma revolução geral. 

Atualmente falamos tanto de revolução do mercado, metaverso, mídias sociais, realidade aumentada, impacto da tecnologia no desenvolvimento cerebral, questões completamente controversas diante das propostas de Heller. 

Contudo, estamos vivendo uma revolução cotidiana que pode ser benéfica ou não, ainda estamos para analisar seus impactos futuramente. Nesse ínterim, falemos sobre os impactos  da diversidade vivencial, especificamente do feminismo na cena motociclista.

Podemos observar que nos últimos cinco anos houve uma movimentação das mulheres, criando grupos, movimentos, motoclubes, coletivos e realizando várias ações ligadas ao motociclismo. Há quem diga que o fato delas sempre existirem não é necessário fazer desse feito algo representativo. 

 

Todavia, essa movimentação das mulheres ocorreu mundialmente. E recentemente o mercado do motociclismo brasileiro vem sentindo esse impacto e muitas vezes desvalorizando a potência das mulheres como consumidoras, produtoras de conteúdo, motociclistas, atletas no esporte à motor, como idealizadoras de projetos e como empresárias, abro para alguns questionamentos: 

– Será que estamos vivendo um momento revolucionário no motociclismo brasileiro e enfrentando uma resistência do mercado? 

– Ou ainda estamos no caos de quem é melhor que quem como mulheres e o mercado se beneficiando desse caos e mais uma vez as mulheres sendo usadas pelo patriarcado? 

– Será que as mulheres estão construindo ferramentas para potencializar espaços para todas? 

– Ou as ações ainda são individualizadas perdendo de perspectiva que quando uma avança, avançamos todas, e que a representatividade de uma impacta na outra mulher?

– Será que não seria o momento de nós mulheres nos unirmos e construirmos novas estratégias de negócios e negociações mais condizentes com o empoderamento feminino ao invés de continuarmos usando estratégias patriarcais, individualistas sobre projetos revolucionários, com medo do mercado não nos acompanhar? 

– Até quando estaremos sujeitas ao mercado capitalista?  Que o mercado corra para nos compreender, porque nós,  não nós diminuiremos para sermos compreendidas. 

    Todo extremo produz sofrimento psíquico, mas até onde nós consumidores vamos permitir que o motociclismo se torne um capitalismo selvagem, eu particularmente gostava de ser enganada pelo mercado a partir dos filmes, arte e inspiração de modos de viver a vida que elevava nosso ser. 

A realidade é que sempre seremos alienados pelo mercado,  que seja para nos tornarmos pessoas melhores, que tenhamos esperança como nos filmes de desbravar dificuldades e encontrarmos um abraço seguro e não discussões e competições de egos, de curtidas e visualizações.  

A diversidade de gênero, sexual, cor da pele, religião, política, corpos diversos existe, é uma realidade de vivermos em uma sociedade diversa, que o mercado evolua para alcançar nossas potencialidades e não que tenhamos que nos diminuir para caber nos padrões do mercado.

Gosto de trazer discussões com mais perguntas que respostas, para que possamos pensar, dialogar e construir novas estratégias, então, proponho que você aí leitora, leitor da Mototerapia, leve esse debate para seus grupos, que possamos usar plataformas fora e dentro das mídias sociais para diálogos enriquecedores de promoção desse novo mundo. 

Eu particularmente sinto falta de diálogos e debates que rompam minhas verdade momentâneas. 

Em toda revolução não há só a destruição de padrões ultrapassados, mas também há avanços, por mais que nosso olhar esteja condicionado aos pontos negativos. É importante ressaltar que há mulheres que galgaram caminhos árduos no motociclismo, abrindo portas no peito, e que hoje representam grandes marcas como também empreendedores locais. É sobre essas mulheres que voltaremos a conversar na nossa próxima sessão da Mototerapia por aqui. Quem são elas, o que elas fazem, o que fazem delas escolhidas pelas marcas? 

 

Por

Amably Monari (@psicoontheroad) é Psicóloga, Neuropsicóloga Clínica e atua em estimularão neurofuncional de alta performance com atletas  (@atletesbrain), Mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP.  Viaja de moto pela América Latina captando o sentido da vida Latina por meio da Saúde Mental com o projeto Documental Psicologia por el Mundo.

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