A endometriose acontece quando o endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, cresce em outras áreas. Na maioria dos casos, a região atingida é a pélvica, ovários, intestino, reto, a membrana que reveste a pélvis e a bexiga. Entretanto, pode alcançar órgãos mais distantes, como pulmão e sistema nervoso central. No Brasil, a estimativa é a de que 7 a 10 milhões de mulheres possuem o diagnóstico da doença.
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O principal sintoma é a dor. Segundo o ginecologista e professor Carlos Alberto Petta, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), 80% das mulheres apresentam essa manifestação. A cólica menstrual é muito intensa nesses casos. A paciente pode ter, também, dor na relação sexual, alteração intestinal quando o intestino fica solto durante a menstruação e, às vezes, dores ao urinar, esclarece.
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Uma queixa frequente também é a dificuldade para engravidar, que acomete 50% das pacientes. A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina no Brasil. Em pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Endometriose, a doença é responsável por 40% dos casos no país.
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Causa e prevenção
Com causa desconhecida, são diversas as possibilidades para sua ocorrência. Uma delas é a menstruação retrógrada, fenômeno comum, que causaria a endometriose dependendo do sistema imunológico da paciente. Quando células endometriais da menstruação voltam para dentro da pélvis por meio das trompas de Falópio, elas são implantadas e crescem tanto na cavidade pélvica quanto abdominal.
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A relação com o estresse e ansiedade, tão presentes no atual ritmo de vida, deu à endometriose o apelido de doença das mulheres modernas. Pode estar ligada à propensão genética, ou, até, ao nível de ansiedade, entre outros fatores. Por isso, não sabemos falar quais os mais importantes e conectá-los à sua intensidade e sintomas, explica Petta.
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Desta forma, não existe prevenção. A patologia pode surgir em mulheres altamente estressadas, que comem muita gordura saturada e são sedentárias, assim como entre aquelas que seguem uma dieta balanceada, praticam atividade física e mantêm baixos níveis de estresse diário. No grupo de risco estão apenas as mulheres que apresentam casos na família.
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Apesar do número de diagnósticos ser maior em mulheres com idade entre 25 e 35 anos, a doença pode ocorrer logo no início da menstruação regular. É possível que apareça em qualquer idade, muitas vezes ainda na adolescência. O diagnóstico ocorre na idade adulta, uma vez que do início das queixas à confirmação demora até sete anos, ressalta o Dr. Carlos Alberto Petta.
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Tratamento
Não existe cura, apenas o controle da doença. Ela cessa com a menopausa, porque encerra o estimulo hormonal. O tratamento varia com a idade, gravidade dos sintomas e o desejo de ter filhos. Assim, é dividido em dois grupos: o clínico e o cirúrgico.
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No primeiro caso, indica-se o uso de medicamentos para controle da dor, antiinflamatórios e analgésicos, além de exercícios e técnicas de relaxamento. Pode-se, também, optar pelo tratamento hormonal, com a interrupção do ciclo menstrual, criando um estado de pseudogravidez com administração de pílulas anticoncepcionais de estrogênio e progesterona e compostos específicos para o tratamento da endometriose como derivados de progesterona apenas e análogos do GnRH. Já para cirurgia, a opção é a laparoscopia, que retira ou destrói o tecido. Sempre se evita cirurgias mutilantes, com a preservação dos órgãos. A retirada de útero e ovários só é recomendada em casos graves quando a mulher não deseja mais ter filhos.
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A conscientização sobre a endometriose é fundamental para a busca de diagnóstico e tratamento. As mulheres precisam entender que não é normal sentir cólica muito forte todo mês. Não é normal tentar engravidar e não conseguir um ano depois. É preciso uma boa avaliação ginecológica, pois elas podem ter uma piora no quadro sem o acompanhamento de um profissional. Com o auxilio de especialistas, há uma melhora na qualidade de vida, conclui Petta.