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Em busca da onça pintada
Um grupo de seis motociclistas saiu de São Paulo a bordo da nova Yamaha Crosser com destino ao Pantanal e uma missão: encontrar um dos felinos mais incríveis do mundo e o maior das Américas
Por Eliana Malizia
Fotos: Johanes Duarte/Photo and Road
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Esta foi uma das minhas maiores aventuras de moto, uma viagem de superação, desafio, aprendizado e momentos emocionantes. Sem dúvida, 99% das minhas viagens eu realizo sozinha; dificilmente viajo em grupo, ainda mais em se tratando de um percurso de 2.500 quilômetros. Porém, desta vez, supertopei: formamos um grupo de seis motociclistas a bordo de uma Yamaha Crosser 150cc cada.
A viagem teve um nome, o Tour Interativo Crosser, nome dado porque, durante toda a viagem, seguidores e clientes Yamaha puderam nos acompanhar em tempo real, através de um site e das redes sociais.
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A missão da nossa viagem? Encontrar a onça pintada! E será que encontramos?
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Lá vamos nós
Chegou a hora! E lá estava eu, ansiosa, pronta para a partida, com os meus cinco amigos motociclistas: Jorge Negretti, Lawrence Wahba, Tiago Toricelli, Glauber Leite e Teo Mascarenhas. Partimos da capital de Sampa, com a meta de chegar ao Pantanal, no Mato Grosso, em busca do maior felino das Américas, a onça pintada.
Minha galera da Trip “Tour Interativo Crosser”
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Hora de partir…
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Logo no primeiro dia, rodamos 450 km e pernoitamos na cidade de Assis, ainda no Estado de São Paulo. No segundo dia, aceleramos mais 460 km; atravessamos a divisa para o Mato Grosso do Sul e dormimos em Nova Alvorada do Sul. A próxima parada, foi em Campo Grande, capital do Estado, onde conhecemos um aquário que ainda está fechado ao público. Olha que legal, fomos o primeiro grupo e privilegiados a conhecer o local. Que, por sinal, é o máximo!
Seguimos então até Coxim. Neste dia, rodamos mais de 500 km, e foi quando passei pelo meu primeiro desafio. Além de pilotar a noite em uma estrada sem iluminação, ventava muito e, muitas vezes, tive a sensação que, com o vento, seria jogada da moto.
Vários trechos com vento forte na estrada…
Aquário em Campo Grande
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Se não bastasse a escuridão e a ventania, a luz do combustível acendeu, o que me deixou ainda mais tensa. Não havia posto de gasolina neste trecho e eu estava praticamente sozinha. Alguns dos meninos estavam à frente e o restante muito atrás. Mas foi assim, até chegar ao hotel. No fim, deu tudo certo. Graças ao tanque reserva da Crosser é possível pilotar uma média de 100 km. O consumo médio dela é de 35 km/por litro.
Este foi um dia de superação
Mas ganhei um presente! Durante o trajeto, presenciei um pôr do sol maravilhoso e, por vários momentos, tucanos atravessavam a estrada!!
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Pôr do Sol maravilhoso
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Divisa São Paulo/Mato Grosso do Sul – Ponte Hélio Serejo
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Tchau Sampa, Ola Mato Grosso do Sul!
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Coxim (MS) e Rondonópolis (MT)
O quarto dia chegou. Nosso trajeto naquele dia era de Coxim até Rondonópolis. Naquele momento, o coração já começava a apertar, pois estávamos cada vez mais próximos do Pantanal e da nossa grande missão de encontrar a onça pintada. Antes de chegar em Rondonópolis, paramos em Alcinópolis, onde fomos recebidos por Ildomar Carneiro Fernandes, o prefeito da cidade e a equipe dele, que nos guiou até a principal atração da cidade, o Parque Natural Municipal Templo dos Pilares.
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O que até então eu não sabia era que, para chegar lá, teríamos de percorrer cerca de 30 km de estrada de chão de areia fofa. Logo no início, comecei a balançar a cabeça, como quem diz será impossível; não vou conseguir. Me deu até vontade de chorar, pois senti que não conseguiria seguir em frente, que poderia cair e estragar a viagem de todos. São tantos anos de experiência de motos e estradas, mas eu nunca havia passado por terrenos desta situação. Nesta viagem, pilotava uma moto de pneu misto, e, além da minha falta de prática na areia, achei que a Crosser não aguentaria o terreno. Mas aos poucos fui relaxando, me concentrando e pegando dicas dos mais experientes e
Não é que eu consegui chegar?
Estrada que me deu medo, em Alcinopólis
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Me surpreendi com a moto e, claro, fiquei contente comigo, também. No caminho, até levei um tombinho e faço outra confissão: adorei cair na areia fofa! Às vezes, acho que sou um pouco maluca, afinal, quem gosta de cair? Mas, sim, achei divertidíssimas as sensações das derrapadas e de cair na areia. Faz parte da aventura, faz parte do universo off road.
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O Parque Natural Municipal Templo dos Pilares
Chegando ao parque, a grande surpresa! Presenciamos vestígios de uma civilização que habitou a região há 11 mil anos, em um abrigo natural sob grandes rochas de arenito, onde foi possível apreciar artes rupestres. O parque fica em uma área de reserva de uma fazenda, por isso só é permitido chegar lá com guia e horário marcado com a empresa Ecos Parques Tour.
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Passamos por todos terrenos, aqui no caso, estava fácil
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Depois do passeio no Parque, fomos recebidos com um delicioso almoço. Neste, o curioso pra mim foi provar o pequi, que, na língua indígena, significa casca espinhenta. O pequi, fruto do pequizeiro, é nativo do cerrado brasileiro e conhecido como um fruto afrodisíaco. Adorei o sabor exótico, mas adianto
É daqueles sabores que ou você ama, ou odeia.
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Lindas estradas
Partimos então para Rondonópolis, no Mato Grosso, onde pernoitamos. No dia seguinte, o destino foi Poconé. Nestes trechos, passamos por uma estrada MA RA VI LHO SA, um dos pontos altos da viagem! Era uma estrada tão perfeita que mais parecia um cenário. Por ela, não passavam carros, não havia comércio, nem postes de luz. Só tinha a gente ali e, assim, conseguimos curtir o silêncio e o show de pássaros de diversas espécies que voavam muito próximos de nós. Senti, em diversos momentos, a sensação de estar levitando
Eu, literalmente, viajei naqueles momentos!
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O momento pediu uma oração de agradecimento, que fiz ali, de dentro do capacete. Senti uma paz indescritível, e chorei de felicidade. Como viver e saber viver é magnifico, não é mesmo? Como é bom poder compartilhar de tal alegria e beleza junto de amigos; é gratificante!
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Em Poconé (MT)
A partir daí, parei de marcar quantos quilômetros estávamos percorrendo por dia, pois estava começando a ficar ansiosa. Agora, o foco era encontrar a onça pintada. Era o nosso quinto dia de viagem e o pernoite foi em Poconé, onde dormimos pouco, afinal, ali já havia a chance de encontrar a onça. Entusiasmados, acordamos às 5h para começar a busca. Saímos com o carro-safari do hotel e, em menos de 15 minutos, encontramos pegadas de onça pelo caminho.
Logo em seguida, demos de cara com ela e seu filhote! Foi mais um momento emocionante pra mim, poder presenciar tão de perto, um animal selvagem em seu habitat natural, longe do zoológico. Não encontrei ali apenas a beleza de uma onça, mas, sim, a sensação de felicidade de ver um animal livre e independente, do jeito certo de ser.
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Tivemos muita sorte, diga-se. Até os nativos da região disseram que fazia tempos que não encontravam uma onça com filhotes ainda mais m tão pouco tempo de busca. Fomos, realmente, premiados. Aproveitamos o momento para apreciar o nascer do sol multicolorido e ainda ganhamos outro presente: no caminho de volta, encontramos um tamanduá. É muita sorte em um dia só!
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E encontramos um Tamanduá
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Nesta estada, o que também foi muito bacana, foi a presença de lobos que circulavam pelo hotel, sem se importarem com a nossa presença.
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Lobo no Hotel
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A grande aventura começa
Sexto dia de trip, hora de partir para uma das mais desafiadoras estradas brasileiras, a Transpantaneira. Eu não sabia o que me esperava. Sem exageros, por vários momentos, me senti no filme de ação Indiana Jones! Foram 140 km de terra, com mais de 90 pontes em situações precárias, esburacadas, com madeiras soltas e, embaixo delas, centenas de jacarés. Havia chovido forte e passamos por trechos de lamas grudentas, e, claro, todos nós atolamos. A Yamaha Crosser não tem pneus 100% off road. Mas, mesmo assim, a moto nos permitiu vencer mais um desafio: conseguimos passar por toda lamaceira e também por grandes poças dágua, que foi a parte refrescante do trecho. Foi uma forma de aliviar um pouco o calor, pois a temperatura naquele dia passava dos 40ºC.
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Pontes em péssimas condições, mais de 90 delas
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Outro ponto alto da viagem
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Sem frescuras – a Lama estava HardCore
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Os trechos da estrada foram, sim, muito difíceis. Mas o tempo todo fomos recompensados com a beleza da natureza, de diversos animais, inclusive de uma onça. O que nos deu um pouco de medo, pois não sabíamos se ela poderia se assustar com as motos e, talvez, até querer nos atacar.
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Mas, enfim, chegamos vivos, salvos e felizes ao nosso destino final, o Porto Jofre. Foram 2.500 km percorridos a bordo de uma moto de 150cc e com grandes desafios. Chegamos em clima de comemoração!
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Onça na estrada Transpantaneira
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Grupo unido na Transpantaneira
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Por do sol na Transpantaneira
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Comemorando a chegada no destino final – Porto Jofre
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Comemorando a chegada no destino final – Porto Jofre
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Dois dias de descanso
Já no Hotel em Porto Jofre, no interior do Pantanal, foi o momento de relaxar, de sair em passeios de barco em busca de mais onças. A partir daí, vimos mais seis delas e todas as vezes era motivo de comemorar.
Em minha opinião, a onça é o animal mais lindo e exuberante que existe. Apaixonada por animais que sou, encontrar numeras onças no habitat natural dela foi bastante emocionante.
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Momento de alegria, encontramos mas uma onça
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Pantanal, até breve
Esta viagem foi um grande desafio. Mesmo com mais de 15 anos de experiência em viagens de moto, esta foi daquelas que lembrarei sempre com alegria e lágrimas nos olhos. A companhia dos amigos motociclistas, foi perfeita. Cada um com a sua personalidade: a elegância do Téo, a calma e gentileza do Tiago, as piadas do Negretti, o humor do Glauber, o amor pelos animais do Lawrence; e eu, como a única mulher, tive o respeito de todos. Nós nos completamos nesta trip; foi a combinação perfeita! Foi uma das melhores viagens da minha vida!
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E quanto as dificuldades que enfrentamos: não é para qualquer um. Viajar com uma moto de alta cilindrada teria sido bem mais fácil
Por isso, adorei vivenciar o desafio de uma aventura dessas pilotando uma 150cc. A Crosser me impressionou, não teve problema algum, durante toda a viagem.
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Este roteiro é, com toda certeza, maravilhoso com qualquer tipo de veículo. No entanto, por ter sido concluído com uma moto de baixa potência, fez desta jornada uma GRANDE aventura. Uma aventura que durou pouco nove dias , mas o pouco tempo que durou foi o suficiente para deixar lembranças inesquecíveis! Viagem incrível, pantanal incrível, motociclistas incríveis!
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Voltarei mais vezes e, se me perguntarem se eu voltaria para o Pantanal pilotando uma 150cc, podem ter certeza que sim: eu faria tudo de novo!
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Onde ficar
Pantanal Mato Grosso Hotel – Poconé
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Hotel Pantanal Norte – Porto Jofre
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As companhias perfeitas!
Agradecimentos: Yamaha Motor do Brasil, e também a equipe que nos acompanhou de carro; Hélio Mazzarella, Fabio Pietrucci, Pedro Pierotti, Johanes Duarte, Leandro Blotta e Jonas Sossai.
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